Há dias em que o corpo pede pausa, e a alma só quer sossego. O som do mundo lá fora continua, mas cá dentro tudo abranda — o relógio parece parar, e o sofá transforma-se num refúgio discreto. Talvez chova lá fora, talvez o sol se ponha devagar, e tu percebes que não precisas de resolver nada agora.
Esses momentos de quietude não são desistência. São o corpo a sussurrar que precisa de descanso, e o coração a pedir que o ouças sem ruído. Nem sempre o movimento é o que cura; às vezes é a imobilidade que nos recompõe.
O peso dos dias calmos
Há dias em que o silêncio tem mais peso do que uma conversa longa. Dias em que as palavras se tornam pequenas diante do que sentimos. E tudo bem. Nem todos os dias têm de ser produtivos, animados ou cheios de respostas.
Aprender a ouvir o próprio silêncio é uma das formas mais sinceras de autoconhecimento. É nele que percebemos o que realmente importa, o que ficou por dizer, o que ainda precisa de ser perdoado — aos outros e a nós próprios.
O valor de não fazer nada
Vivemos rodeados de vozes que nos dizem para agir, mudar, conquistar, fazer mais. Mas há uma sabedoria antiga em simplesmente estar. Em deixar o corpo afundar no sofá, olhar o vazio e não sentir culpa por isso.
Nem sempre precisamos de um plano; às vezes basta respirar fundo e existir. O silêncio tem um jeito curioso de arrumar o que as palavras não conseguem. Ele não exige soluções, apenas presença.
Quando o mundo sossega contigo
Há um instante raro em que o mundo parece abrandar contigo — como se tudo aceitasse o teu compasso mais lento. E é aí que percebes: não é fraqueza parar, é coragem. Coragem de ouvir o que o coração tenta dizer há muito.
Há dias em que o sofá e o silêncio não são fuga, são reencontro. E talvez, nesse sossego, encontres a força que estavas a procurar nas vozes dos outros.
